Notícias Grupo Ritornelo de Teatro

25/04/2015

Critica da pe


Ol? amigos, recebemos esta "critica" da nossa pe?a Z? Vag?o da Roda fina e sua m?e Leopoldina e compartilhamos com todos(as):

Um espet?culo jubiloso!

Jubiloso/jubilosa ? a pe?a de Sylvia Orthof e a montagem do Grupo Ritornelo de Teatro para "Z? Vag?o da Roda Fina e sua M?e Leopoldina", que marca os cinco anos da trupe e sua maturidade na produ??o e no pensamento do teatro l?dico-cr?tico que j? se anunciava em "Faixa de Gra?a", sua produ??o anterior.

A pe?a, escrita em 1975 durante a ditadura militar, t?m a liberdade por uma de suas protagonistas, personificada em Jubilosa, a personagem bruxa, com sua postura subversiva e questionadora, mas tamb?m irreverente e defensora da alegria de viver.

Sempre ficamos deslumbrados ao ver "como" uma jovem senhora (a pe?a) de trinta anos parece rec?m-sa?da do forno art?stico. Leopoldina a locomotiva-m?e que cria sozinha seu filho Z? Vag?o da Roda Fina at? parece tematizar os atuais trinta por cento dos lares brasileiros nos quais a mulher ? "o chefe" da fam?lia e a sustenta.

Mas ? outra mulher, personificada numa bruxa (a mulher tripudiada por excel?ncia, quando n?o acaba na fogueira) que rouba a cena. Jubilosa ? central no enredo que conta a hist?ria de uma m?e autorit?ria, mas extremamente zelosa e que prima excessivamente em fortalecer, proteger e transmitir seus valores para seu filho, que se apresenta como "problem?tico" e pregui?oso, mas que no fundo est? tentando se rebelar, sem sucesso, contra as ordens da m?e. Nesse contexto, ? Jubilosa quem surge para questionar pedagogias e catecismos, e nos presentar com aquilo que n?o ? nada de novo sob o sol: a superprote??o materna que afirma buscar o pleno desenvolvimento da crian?a e realiza seu contr?rio.

As identidades individuais s?o conformadas social e subjetivamente. ? crian?a, desde seu nascimento, ? imposto um padr?o cultural de comportamento a ser seguido e imitado. ? essa imposi??o, essa ?pedagogia?, tida por "natural" que Jubilosa questiona. Por que a gente tem que ser assim? N?o podemos ser diferentes dos nossos pais?

A recep??o est?tica do espet?culo pelo p?blico nunca ? uma atividade neutra. A pe?a "Z? Vag?o da Roda Fina e sua M?e Leopoldina" exercem uma influ?ncia concreta no seu p?blico, que se identifica com as personagens no palco, a m?e, o filho e a bruxa, para confirmar ou modificar as suas atitudes e pr?ticas, al?m de se recrear e divertir durante o espet?culo. Assim, assistir a pe?a torna-se uma, porque o teatro age sobre o espectador, que j? deixa de o s?-lo para se tornar tamb?m ator, vendo-se na vida representada no palco.

Jubilosa gera uma empatia de outra qualidade que n?o a simples identifica??o, seja no adulto, seja na crian?a. De forma "anti-pedag?gica", como queria e afirmava Sylvia Orthof, rompendo com alguns valores tradicionais e renovando o horizonte de expectativas e pensamento do p?blico. Pode-se ver nela a personifica??o da arte, que atrav?s do conhecimento est?tico nos "ensina" outros saberes, que n?o se cabem em livros, salas de aula, telas de televis?o, f?bricas e salas de estar.

Essa verdade ? mais marcante pela atua??o do Grupo Ritornelo, mas tamb?m pela coreografia, figurino e m?sica do espet?culo que se apresentaram como se fossem outros atores em cena, e quando isso ? percept?vel, ? porque aparece o trabalho da dire??o produziu seus frutos, transformando individualidades dos atores e demais elementos da produ??o numa totalidade una e indivis?vel, percept?vel como cada qual e como conjunto.

Se ? verdade que o filho cresce e um dia toma o lugar da m?e, repetindo aquela experi?ncia que condenou quando jovem, "ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais" cantaria Belchior, tamb?m ? verdade que Leopoldina aprendeu com o filho rehumanizando-se das experi?ncias alienantes de sua vida "no trilho", dedicada a viver s? para os outros e trabalhar, sina da maioria dos adultos e trabalhadores. E tamb?m ? verdade que podemos aprender com a arte, com o teatro, a m?sica, anti-pedag?gicamente, que a vida n?o ? s? trabalho, que a vida tamb?m ? alegria de viver, ? amor, liberdade, subvers?o, solidariedade. E isso ? simp?tico, ? mais que simp?tico, ? jubiloso!


Leandro Gaspar Scalabrin
Mestre em Estudos Liter?rios


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